segunda-feira, 12 de setembro de 2016

#45 - OLIVAIS, COIMBRA, Fernando Assis Pacheco

Era de noite e eu pensava
não: era de noite uma outra noite mais antiga do que a narrativa deixa subentender
não: era de noite agora e na hora e eu que me enrolava pensando na morte do meu
                                                                                                                              [corpo

não: era de noite àquela hora a alegria
das casas funde-se com um estalido cruel
diante do poema não: quando à garganta vai subir
o primeiro poema informe

o pai dormia (uma cidade dormia) não: no meio do Verão
em Coimbra atacado pelo perfume aflitivo das hortênsias ou era
um clic na madeira vendo-se longe o Tovim o Picoto luzes
inverosímeis

essa noite é que o miúdo pensava na brevidade de tudo isto

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