quarta-feira, 21 de maio de 2014

#17 - DISCORD IN CHILDHOOD, D. H. Lawrence

Outside the house an ash-tree hung its terrible whips,
And at night when the wind rose, the lash of the tree
Shrieked and slashed the wind, as a ship's
Weird rigging in a storm shrieks hideously.
Within the house two voices arouse, a slender lash
Whistling she-delirious rage, and the dreadful sound
Of a male thong booming and bruising, until it had drowned
The other voice in a silence of blood, 'neath the noise of the ash.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

#16 - NOCTURNO, Sidónio Muralha

Um candeeiro.
Um recanto qualquer.
O pesadelo duma noite sem fim.


Um corpo de mulher
para quem chegar primeiro,


-- como se fosse um banco de jardim.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

#15 - CANTAM AO LONGE, Carlos Queirós

Cantam ao longe. Anoitece.
Faz frio pensar na vida;
E a Natureza parece
Dizer, em voz comovida,
Que o Homem não a merece.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

#14 - NOITE TRANSFIGURADA, Eugénio de Andrade

Criança adormecida, ó minha noite,
noite perfeita e embalada
folha a folha,
noite transfigurada,
ó noite mais pequena do que as fontes,
pura alucinação da madrugada
-- chegaste,
nem eu sei de que horizontes.

Hoje vens ao meu encontro
nimbada de astros,
alta e despida
de soluços e lágrimas e gritos
-- ó minha noite, namorada
de vagabundos e aflitos.

Chegaste, noite minha,
de pálpebras descidas;
leve no ar que respiramos,
nítida no ângulo das esquinas
-- ó noite mais pequena do que a morte:
nas mãos abertas onde me fechaste
ponho os meus versos e a própria sorte.

domingo, 4 de maio de 2014

#13 - ALDEIA, Carlos Queirós

Eu e a noite,
Chegámos ao mesmo tempo
Àquela povoação:
-- Uma aldeia que eu guardo na memória,
Como se guarda duma noiva morta
A doce recordação.

Fecho os olhos e vejo-a: -- as casas, o moinho,
O coreto e a fonte...
Quem os ergueu, sabia quem eu sou;
E, -- para me encantar como eu, outrora,
Arrumava no quarto os meus brinquedos,
Tal-qual os arrumou.

Criança? -- Já o não era,
Ao mesmo tempo em que isto foi;
Mas ainda conservo a sensação
(Quase triste, de tão enternecida,)
De ser a noite
Que me levava pela mão...

sexta-feira, 2 de maio de 2014

#12 - NOCTURNO DE LISBOA, Eugénio de Andrade

Pela noite adiante, com a morte na algibeira,
cada homem procura um rio para dormir,
e com os pés na lua ou num grão de areia
enrola-se no sono que lhe quer fugir.

Cada sonho morre às mãos doutro sonho.
Dez-réis de amor foram gastos a esperar.
O céu que nos promete um anjo bêbado
é um colchão sujo num quinto andar.